Em uma entrevista realizada com a estudante de agronomia, Nielly Nilsen, a respeito da pandemia do Novo Corona Vírus, na cidade do Rio de Janeiro, que assim como o Brasil, não tem infraestrutura para enfrentar uma Pandemia.
O governador até tentou, o projeto era construir 11 hospitais de campanha, porém houve desvio de dinheiro público em diversos setores, superfaturamento de respiradores, e até o momento só foram entregues 3 Hospitais de Campanha. O secretário de Saúde do estado foi preso, e o governador está sob um pedido de impeachment. Um caos na política, na economia e na saúde.
A respeito da situação pandêmica, o número de casos aumenta a cada dia, mas a população não está conscientizada, as pessoas saem sem usar máscara, se reúnem com amigos, e parecem não se importar com tudo isso. Em alguns bairros periféricos, parece que a quarentena nunca existiu.
O objetivo do isolamento era conter o colapso na rede de saúde, dando tempo ao poder público de fortalecer a estrutura para receber as pessoas vitimadas da COVID – 19, como a construção de hospitais de campanha. Entretanto para dar entrada os pacientes precisam vir por meio de regulação, como por exemplo o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência. Porém esse hospital passou semanas com sua taxa de ocupação acima de 90%.
Ao ser questionada sobre a situação dos hospitais, ela relatou: “Passei duas semanas na casa de uma amiga e a mãe dela é enfermeira, então mesmo não trabalhando na linha de frente, teve muito contato com pessoas que estão lá, colegas de classe, colegas de trabalho. Houve um momento que uma das amigas dela disse que no hospital que trabalhava (não vou divulgar o nome) eles estavam dando sedativos para os idosos na sala de espera, para morrerem calmos, pois não havia leito para todos. Os médicos estão tendo que escolher quem vai viver, e há uma lista com prioridades. Idosos, pessoas com problemas de saúde grave não são, a prioridade são os mais novos, eles sentem receio de anunciar isso, mas infelizmente está acontecendo. Chegou a um momento que os jornais daqui do Rio de Janeiro estão relatando isso, dia após dia. Desde abril, médicos vêm relatando que as pessoas estavam morrendo por faltas de insumos.” A pandemia também agravou a situação de desigualdade social em todo país, muitas pessoas que se inscreveram nos programas do governo não conseguiram o Auxílio Emergencial, outras simplesmente precisam trabalhar. Nas comunidades, as pessoas moram em kitnets com 5 ou 6 pessoas, então fica impossível ficarem em casa. Andando em favelas do Rio, deu pra perceber que nem se quisessem conseguiriam se isolar. A tia dessa minha amiga é professora em uma escola de Nova Iguaçu, e algumas escolas passam conteúdo online via whatsapp, nem todas as crianças têm acesso a esse conteúdo, muitas crianças perderam familiares também. Então tudo isso é muito novo e delicado, mas de fato era um momento em que precisávamos do Estado, e a população carece, dia após dia. No Rio de Janeiro (município) o prefeito já está abrindo o comércio, e eles preveem a volta das aulas presenciais, mesmo sem o número de infectados e mortes caírem. Para tentar ajudar os discentes, O CTUR, colégio técnico que Nielly frequenta, professores, técnicos, coordenadores, se uniram em grupos de trabalho para pensar em formas seguras de voltar, ou plataformas para estudos online, porém muitos alunos não têm internet.
Mas como nem tudo é ruim, as universidades do Rio de Janeiro estão fazendo muito nessa pandemia. A UFRRJ produziu álcool em gel (Departamento de Química) e máscaras reutilizáveis (Departamento de Economia Doméstica) distribuindo para os alunos alojados e os que moram na região e não conseguiram voltar para casa.
Os alunos de outros estados, a Universidade pagou as passagens de volta e levou em um ônibus até o aeroporto, e para os que não conseguiram voltar, está subsidiando a alimentação.
Nielly Nilsen, 18 anos, estudante de agronomia na UFRRJ, residente do bairro de Bangú - RJ.
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